Existir não é preciso. É balanço.
- Valentina Asmus

- 2 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de out. de 2022
balança mais suave quem se movimenta em conjunto com o que acontece, quem não resiste à imensa ideia de estar sempre mudando.

Quem me acompanha no Instagram acompanhou uma breve reflexão sobre o tema desse post: estar sempre recomeçando.
Durante a última semana eu retomei novamente para o que chamaria de minha prática de asanas completa. Novamente porque nesses 9 anos de yoga foram incontáveis as vezes em que reduzi, retrocedi, estagnei. E sempre voltei.
Nos últimos meses estive em viagens, primeiro um mês de aprofundamentos de estudos e práticas na Índia - onde minha prática é bem intensa e depois viajei de férias com meus pais e me permiti uma prática reduzida e mais suave. Na volta para o Brasil teve readaptação de rotina, viagem de trabalho para workshop em São Paulo, demandas familiares e tudo isso se refletiu também no meu corpo e na minha disposição.
Recomeços podem ser difíceis. Ainda mais em uma sociedade que valoriza a exaustão do melhoramento e aprimoramento e que deixa pouco ou nenhum espaço para o repouso e o retrocesso (inclusive escrever ou ler essa palavra já parece gatilho de coisas negativas). Voltar a um estado anterior não é obrigatoriamente uma coisa ruim. Aliás, aqui vale uma outra reflexão: o que é ruim?
Como seres humanos, tendemos a estar em constante busca por aquilo que satisfaz os nossos desejos e esses, por sua vez, são moldados a partir de estruturas sociais, de criação e de crenças às quais fomos expostos. A partir desse lugar separamos as coisas em boas - aquelas que trazem alegria e reforçam a busca por felicidade ou ruins - aquelas que não estão em alinhamento com os nossos desejos. No entanto não é dessa forma que o mundo se organiza e mudar a perspectiva sob a qual olhamos os acontecimentos, nesse caso o "retrocesso", pode ser bem transformador. Pode ser uma oportunidade de reavaliação, de questionamento e de se enxergar firme em fundações que precisam ser constantemente renovadas.
Seja na pratica de asanas ou na vida em geral, voltar à um ponto de partida, dar alguns passos para trás pode ser exatamente aquilo que precisamos para entender um fluxo natural que vai além de nós mesmos e nossos objetivos. O que tem sido cada vez mais frequente por aqui é a idéia de que quando é preciso recomeçar ou retomar algo, eu não perco nem ganho. Eu apenas permito que essa afluência de movimento se faça presente.
Percebi o paralelo sutil da prática com a existência. Existir não é preciso (de precisão) é balanço.
E balança mais suave quem se movimenta em conjunto com o que acontece, quem não resiste à imensa ideia de estar sempre mudando. Sempre voltando.



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