Ciclos e fluxos naturais

Ao observar o entorno, o macro e o micro, a forma como o universo se organiza dentro de uma ordem, nos reaproximamos da capacidade de autoconhecimento.

Heráclito, filósofo grego do século IV a.c, dizia: “Não há nada permanente a não ser a mudança”. Ao observar a natureza também podemos perceber que tudo se desenvolve por meio de mudanças constantes. O que acontece é que nosso estilo de vida cada vez mais analítico, urbanizado e apressado nos afastou dessa percepção simples, porém importante, de que a vida se desenrola através de ciclos.

Tudo é um processo contínuo de transformação. A natureza se transforma a cada fase lunar, a cada estação do ano, ao passar dos séculos. Nosso corpo sofre diariamente transformações e renovações celulares. Envelhecemos, aprendemos, reaprendemos, esquecemos. E em cada ciclo existe uma importância por vezes esquecida de cultivar a capacidade de observar essas mudanças e fazer ajustes em nossas rotinas para nos adaptarmos a cada uma delas. Isso é viver em equilíbrio e harmonia, uma vez que na natureza nada existe de forma isolada e tentar manter algo inalterado é impedir que ele continue seu processo de evolução.

Muitas vezes enxergar esses ciclos na natureza é mais fácil do que nos percebermos integrados neles. Um exercício simples é observar a nossa própria respiração, construída através de duas principais etapas: a entrada e a saída de ar. O ar que entra apresenta determinada temperatura e densidade, um tempo de inspiração, um caminho que esse ar percorre e ao final de uma inspiração o começo de um outro ciclo, a saída de ar, sua duração, a temperatura e densidade desse ar até que a expiração acabe e se dê inicio uma próxima inspiração. Um ciclo simples, que experienciamos em média de 20 a 30 mil vezes ao dia, e que ao trazermos atenção sobre ele podemos perceber a impermanência de que tudo começa e termina para dar lugar à um próximo ciclo.

Ao respirar, nos ensinamos, mesmo sem perceber. Ao observar o entorno, o macro e o micro, a forma como o universo se organiza dentro de uma ordem, nos reaproximamos da capacidade de autoconhecimento e a partir dessa aproximação desenvolvemos a capacidade de fazer escolhas mais conscientes e em paridade com o todo do qual também fazemos parte.